sábado, 3 de março de 2012

Drive ( Drive, 2011)


Dirigido por Nicolas Winding Refn. Com: Ryan Gosling, Albert Brooks, Carey Mulligan, Ron Perlman, Oscar Isaac, Bryan Cranston, Christina Hendricks, Kaden Leos.
COTAÇÃO: 5/5
Drive é um filme completo. Reflexivo e belo. Com um equilíbrio excelente entre o apego pela forma e o apego pelo conteúdo. O vencedor de Melhor Direção no Festival de Cannes, Nicolas Winding Refn faz um conto tenso sobre a solidão do complexo protagonista sem nome interpretado por Ryan Gosling em um filme cheio de rigor estético e com uma melancolia extremamente bela.

Refn já é esperto em iniciar seu filme numa sequência  de ação excitante mostrando a impassividade do protagonista em relação as ações que comete mesmo que as faça com extrema perícia. Introduzindo seu moralmente duvidoso mas rigoroso código de honra em relação a violência ( o que é extremamente importante, já que quando o personagem explode em atos violentos, chega a ser chocante pra nós assistir que sua perícia em dirigir é tão grande quanto sua perícia em matar).

E logo depois da abertura tensa, o filme passa para outro fator: A melancolia. O personagem de Ryan Gosling é sozinho. Ele simplesmente dirige sua vida. Como dirige seu carro. E é maravilhoso como depois de mostrar um personagem praticamente sem um lado emotivo... o competente roteiro mostra como a primeira grande ligação afetivo do personagem acaba atraindo a violência explosiva do filme.

Ryan Gosling, um dos melhores atores da  nova geração, é hábil retrata as mínimas alterações de humor de seu personagem com o olhar. Veja  a diferença de seu olhar esperançoso quando está com a personagem de  Carey Mulligan, ou a segurança quando dirige e por fim, o desafio em sua  conversa com o mafioso interpretado por Albert Brooks. Gosling é um especialista em demonstrar pequenas mudanças de humor e esse personagem cai como uma luva.

O resto do elenco é igualmente competente. Carey Mulligan ( outra revelação da nova geração) dá também um tom de melancolia ( sim, essa sensação realmente impera no longa) em uma personagem que parece sempre esperar uma bomba explodir.  O outro grande destaque, é Albert Brooks, em uma interpretação carismática e extremamente carrancuda e é genial como seu mafioso exprime medo a uma ameaça maior.

Refn usa uma fotografia com cores fortes de dia em oposição com a noite, destaque para as cenas onde há explosão de violência ( o sangue  realmente jorra aqui). Além disso, o filme conta com uma trilha sonora original ( Clif Martinez faz tudo para dá uma constante sensação de tensão)  não original ( Nightcall e Oh My Love são os destaques).
Drive é isso. Um longa esteticamente  belo , maravilhoso de se ouvir e incrivelmente bem atuado. Um ode a solidão e como  a felicidade pode ser impedida.

Cena do dia: Créditos iniciais de Drive

Um dos melhores filmes de 2011, Drive, um conto urbano sobre a solidão com  uma picante pitada de violência já mostrar a situação solitário do seu protagonista na melancólica cena inicial com a música Nightcall que cai perfeitamente para o personagem mostrado:




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tão Forte e Tão Perto ( Extremely Loud and Incredibly Close, 2011)


Dirigido por Stephen Daldry 
Com: Tom Hanks, Sandra Bullock, Thomas Horn, Max Von Sydow, Viola Davis, John Goodman. 
COTAÇÃO: 4/5

Stephen Daldry é um diretor extremamente melodramático e consegue fazer isso geralmente com qualidade. Seus primeiros filmes, o tocante Billy Elliot e o magnífico As Horas  mostram que Daldry, oriundo do teatro tem competência o bastante de fazer melodrama com eficiência e com a capacidade de realmente tocar quem está sentindo. Já em sua terceira película, O Leitor falhou em criar ligações do espectador com o filme ao apelar totalmente para o emocional do leitor e na quebrada de ritmo ao final do filme, apesar da maravilhosa atuação de Kate Winslet.

Tão Forte e Tão Perto talvez seja uma mistura de tudo que aconteceu até agora na carreira do diretor. Daldry apresenta uma direção segura, mas que falha de novo em se preocupar em dá o máximo de emoção para nós do que criar uma emoção verdadeira. O primeiro ato do filme, extremamente apelativo, com uso de montagem confusa (o que não ajuda nada o filme em seu começo). Mas quando o personagem de Thomas Horn, Oskar, entra em sua jornada, o filme cresce absurdamente, acabando por ser um longa respeitável.

Quando a jornada de Oskar começa, começa a reflexão de Daldry sobre a tentativa de superar a perda de uma pessoa amada, usando de um dos maiores eventos de perda da história dos Estados Unidos: Os atentados do 11 de Setembro. E é interessante como o diretor dá um tom de melancolia a esse acontecimento (Prestem atenção em todas as reações ao ouvir da perda do pai de Oskar no atentado). E apesar disso, Daldry não foca nesse, e sim na sensação de perda.

Contando com um elenco maravilhoso que tem  Sandra Bullock em entrega absoluta ao papel (A cena da briga com o filho é um show de interpretação dessa mulher) Viola Davis em uma atuação extremamente superior a sua interpretação em Histórias Cruzadas, mostrando uma absoluta emoção genuína como na primeira cena com Thomas Horn, Tom Hanks faz o básico de sempre, atuando bem. Thomas Horn é em alguns momentos extremamente irritante e em outros e em outros incrivelmente maravilhoso (sua cenas com Max Von Sydown são ora emocionantes ora cômicas).

Max Von Sydown, em uma interpretação emocionante e curiosa: Seu personagem se comunica através de papéis e com as duas mãos (Uma dizendo “Sim” e a outra escrita “Não”). Sendo cômico e nas melhores cenas do ano emocionante (o que dizer de sua falsa passividade ao ouvir certa gravação). O ator tem uma capacidade incrível de se comunicar sem palavras e cria uma química invejável com o Horn.

A melancólica trilha de Alexander Desplat acompanha tudo, soando algumas vezes apelativas e em outras cenas, a que faz a emoção acontecer. Ou seja, ela reflete o que o filme é: Alguns momentos tentam demais, em outros consegue o que quer, acaba sendo bom, mas poderia ser bem melhor.  Boa tentativa, Stephen Daldry, mais sorte na próxima vez.





sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret ( Hugo, 2011)

Dirigido por Martin Scorsese. Com: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Ray Winstone, Emily Mortimer, Helen McCrory, Michael Stuhlbarg, Frances de la Tour, Richard Griffiths, Jude Law, Christopher Lee
COTAÇÃO: 5/5

Qual é a utilidade do cinema no mundo?  Talvez essa seja a pergunta que fique depois de assisti A Invenção de Hugo Cabret, do lendário diretor americano Martin Scorsese. Disfarçando sua bela homenagem ao cinema como um filme infantil, Scorsese nos dá um filme doce, sensível sobre os primórdios do cinema, a paixão do diretor. E admito, foi difícil segurar as lágrimas nos minutos finais da projeção.

Contando a história de Hugo (Asa Butterfield), um órfão que mora na Grand Station de Paris que ao perder seu pai em um incêndio, fica obcecado em consertar um robô deixado por esse, o que faz sua vida entrar em colisão com o misterioso dono de uma loja de brinquedos, de nome George (Bem Kingsley).

Se o primeiro ato e parte do segundo são dedicados ao desenvolvimento de Hugo e da criação da amizade com Isabelle (Chloe Moretz, chegando a um grau de fofura inimaginável), e essa parte soa mais como um bom filme infantil com cena engraçadas e outras um pouco mais emocionais (a tentativa de flerte do inspetor para coma florista é uma prova disso), o filme chega a um momento que muda completamente.

Quando Scorsese começa a fazer ligações entre a história de Hugo e a história de George, o longa cresce em drama. A descoberta da identidade de George serve como ponto de virada, e o filme deixa de ser simplesmente um filme infantil com direção excepcional e se tornar uma bela homenagem ao cinema: De leitura de livros sobre o primórdios do cinema até uma exibição caseira de Viagem para Lua.

Se O Artista é uma linda homenagem aos artistas que fazem o cinema, Hugo é um filme sobre o cinema em si, sobre este ser uma máquina de sonhos, de mágica, uma ilusão para deleite dos olhos, uma bela observação de uma realidade distorcida pela fantasia (e as pequenas histórias paralelas acontecem para isso) e, além disso, Hugo mostra outra mensagem como a importância de restauração de filmes antigos e até reflexões profundas como a utilidade que nós todos temos no mundo (que Scorsese inclusive apresenta como uma máquina assim como cinema).

E é extremamente interessante, em um filme que fala de um cinema antigo, termos o uso de uma técnica como o 3d,  que nos coloca no meio dessa fantasia. Scorsese com um trabalho de profundidade de campo sem igual, faz talvez o 3d mais inteligente da história, que nos  coloca no meio da história de Hugo de forma até corporal.  O trabalho de fotografia de Richard Richardson é maravilhoso em representar uma Paris mágica (Tudo bem, não é tão difícil). A montagem magnífica de Thelma Schonnmaker dá um ritmo bom para o filme sem nunca soar chato ou alucinante e, além disso, o uso de filmes antigos é certas cenas é um deleite para cinéfilos.

O elenco está em alto nível. Asa Butterfield é surpreendentemente é eficiente em mostrar as emoções conturbadas de sua personagem, sendo um perfeito herói de filme infantil. Chloe Moretz em um overacting delicioso dá a sua Isabelle uma doçura inimaginável. Ben Kingsley faz o personagem mais complexo da narrativa passar entre emoção extremamente melancólica no presente e uma energia contagiante em seu feliz passado.  Sacha Baron Cohen faz seu tipo de sempre mais com uma gota de emoção a mais ao tentar se aproximar da florista ou em relação a seu trauma de guerra.

Contando ainda com uma direção de arte extremamente criativa e colorida de Dante Ferreti que assim como tudo no filme, tentar representar a fantasia na realidade. Além disso, Howard Shore faz um trabalho notável em uma trilha sonora que intercala entre um tom de brincadeira contagiante e também a uma tristeza, algo que está em praticamente em todas as personagens do filme.

Hugo é um filme que reflete sobre o cinema, seu papel na formação da cultura e principalmente sue papel na formação de nossos sonhos, porque como diz certo personagem em um dos melhores momentos: “São aqui que seus sonhos são feitos”. Obrigado, Scorsese, por fazer um filme que qualquer cinéfilo sonha.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

J. Edgar ( J.Edgar, 2011)

Dirigido por Clint Eastwood. Com: Leonardo DiCaprio, Armie Hammer, Naomi Watts, Judi Dench, Geoff Pierson, Jessica Hecht, Jeffrey Donovan, Dermot Mulroney, Josh Lucas, Lea Thompson, Kyle Eastwood, Christopher Shyer.
COTAÇÃO: 4/5

J. Edgar é um filme com um conteúdo corajoso. Diferente de seu último filme, Além da Vida, Clint Eastwood aborda o seu tema com coragem. Ao retratar uma das figuras mais importantes da história norte-americana, o veterano cineasta faz um filme um tanto conservador na sua proposta, mas surpreendente ousado em conteúdo, diferente do recente e tenebroso A Dama de Ferro.

No filme, ouvimos a história de J. Edgar Hoover, diretor do FBI que mudou a forma de investigação, usando intensamente pela primeira vez da ciência criminal, além de ter concedido um grande poder nas mãos da polícia federal dos EUA.  Além de ter conseguido muito poder político no cenário americano usando de meios questionáveis.

Mas o filme de Eastwood não foca no lado político de Hoover, apesar desse ter bastante espaço no longa. Diferente do esperado para seu conservador diretor, o belo roteiro de Dustin Lance Black foca nas relações de Edgar com as pessoas mais próximas deste: Sua mãe, vivida com a habitual competência de Judy Dench, sua secretária, com a bela e convincente Naomi Watts e principalmente com seu “número 2”, o agente Tolson (interpretado maravilhosamente por Armie Harmmer, que era os gêmeos de A Rede Social).

Usando (infelizmente) de vários clichês de cinebiografias (narração em off e intercalar de cenas do presente com do passado por exemplo), esse filme se destacar ( principalmente na  carreira conservadora de Eastwood) por retratar seu protagonista tão abertamente, principalmente  a questão da sua orientação sexual ( e Judi Dench se mostra impecável a mostrar a preocupação da mãe em relação a esse assunto, em tempos como aqueles). Nesse quesito, duas cenas se destacam: A do beijo (uma das cenas mais bem atuadas, filmadas e escritas do ano) e a do vestido, onde DiCaprio tem seu melhor momento.

E chegando a ele, uma cinebiografia de um homem tão polêmico não poderia ter um ator qualquer. Leonardo DiCaprio, um dos melhores da atual geração. Sua atuação é baseada em uma mistura de emoção e razão tão densa (preste atenção no primeiro encontro entre este e Tolson) além de uma mistura de autocrítica com uma confiança inabalável (prova disso é a cena do tribunal). Pena que sua atuação (e assim com os outros) é prejudicada pela péssima maquiagem do longa.

Um trabalho exagerado, extremamente artificial que destoa completamente o filme na sua parte presente. Acabando completamente, por exemplo, com o trabalho de Harmmer no presente e transformando DiCaprio em uma cópia do Philip Seymour Hoffman . Além disso, certos planos, que mostram cidades durante passagens presidenciais ou incêndios são pavorosos.

O que contrapões com outros aspectos técnicos do filme: A bela direção de arte que traz um realismo impecável para as passagens de tempo ocorridas, a montagem tanto quanto a edição que dão um ritmo impecável ao filme.  E a bela trilha sonora que faz bem em nunca tentar ser melodramática, sem deixar de ter um tom melancólico.

O saldo no final é positivo. Poderia ser extremamente melhor, poderia. Mas poderia ser pior também.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres ( The Girl With The Dragon Tatoo)

Dirigido por David Fincher. 
Com: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Steven Berkoff, Robin Wright, Joely Richardson, Geraldine James, Goran Visnjic, Donald Sumpter, Yorick van Wageningen.
COTAÇÃO 5/5

David Fincher é um diretor especializado em atmosferas opressoras. Seja na cidade caótica de Se7en – Os Sete Pecados Capitais; a gradativa destruição da vida pelo consumismo em Clube da Luta; a obsessão pela verdade em Zodíaco; a tensão em Quarto do Pânico e por fim a estratificação social criada pela internet em A Rede Social. E de novo, trazendo uma atmosfera sombria que junta à declinação moral de Se7en com a obsessão de Zodíaco, Fincher faz mais uma vez um incrível filme com Millennium- Os Homens Que Não Amavam as Mulheres.

Ao contar a história de um jornalista e uma hacker que veem suas vidas convergirem a partir da investigação de um assassino de mulheres, Fincher tem numa oportunidade perfeita a usar elementos que adora (ou pelo menos, penso eu assim): Violência, falta de sociabilidade, declínio moral, obsessão e misoginia. E apesar da história não ser tão interessante assim (chegando a alguns momentos a ficar previsível), o estilo do cineasta casa-se perfeitamente com o que é contado. Em certa cena onde um personagem é praticamente torturado, lembrei vagamente dos assassinatos de Se7en.

Fincher utiliza uma fotografia extremamente sombria e cheia de requinte (veja como Estocolmo é ao mesmo tempo elegante e opressora ou a ilha da família Vanger carrega um ar de mistério mesmo sendo extremamente bela) e de uma montagem rápida (O intercalar entre as investigações de Lisbeth e de Mikail é maravilhoso assim como o uso de flashbacks) dá ao longa um ritmo ágil e mesmo com toda sua violência gráfica, este é um filme belo de se ver.

Mas o que realmente importa aqui são as personalidades (e assim as atuações) dos personagens. Mikail é interpretado por Daniel 007 Craig como um homem bom, mas mesmo assim com uma absoluta devoção a descobrir a verdade (e a entrada dele na investigação se torna coerente exatamente por isso). Christopher Plummer concede a seu personagem um tom irônico e carismático, mas mesmo assim não deixa de ser tão misterioso como o resto da sua família.  Stellan Skargard transforma um personagem que poderia cair no clichê completo algo bem mais interessante que o esperado.

Mas o destaque total do filme é para Rooney Mara. Interpretando a hacker antissocial com extrema competência. Sua Lisbeth é de dá pena, mas ao mesmo tempo nos dá medo (e sua relação com um personagem nos mostrará isso já nos primeiros 50 minutos) e sua antissociabilidade é convincente já que temos certa aversão por ela e suas característica (e Fincher acerta em nosso fascínio por ela crescer em direta proporção ao fascínio de Mikail por ela também crescer). E chega a ser paradoxal como mesmo com seu desprezo para com as relações sociais comuns, ela tenha um claro desejo por essas. E Rooney Mara entrega isso com uma força no olhar inesquecível (prestem atenção na sua expressão na cena final!).

Já começando o filme com uma abertura extremamente eficiente (e que já nos mostra um pouco do psicológico de Lisbeth)e o terminando de forma extremamente melancólica, Fincher conta com a trilha sonora de Trenz Rennor e o Atticus Ross que dão ao filme um tom de tensão presente em todo momento, algo bastante parecido com o trabalho destes em A Rede Social, também de Fincher.

Um filme extremamente interessante que mostra mais uma vez o talento de um dos diretores mais perfeccionistas da atualidade. Além de nos revelar uma das melhores atrizes dos últimos 10 anos: Rooney Mara. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crítica: A Dama de Ferro ( The Iron Lady, 2011)

Direção: Phillyda Loyd 
Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Richard E. Grant, Harry Lloyd, Anthony Head, Richard E. Grant, Roger Allam, Olivia Colman, Susan Brown.
1/5

Biografias ou filmes que mostram pessoas reais são filmes difíceis, podem virar obras inspiradíssimas como Gandhi  e Em Busca da Terra do Nunca ou filmes genéricos como o último filme vencedor do Oscar, O Discurso do Rei. Mas como justificar um trabalho tão medíocre como A Dama de Ferro, baseado numa das mulheres mais polêmicas do século XX: A primeira ministra da Inglaterra, Margaret Tratcher?

Tratcher não recebeu seu apelido a toa. Sobreviveu a tentativa de assassinato em 1984, foi extremamente radical com os sindicatos e uma crítica ferrenha da União Soviética. Sua política de flexibilização do mercado de trabalho, privatizações e desregulamentações além da vitoriosa Guerra das Malvinas contra a Argentina. Sua política contra o terrorismo foi muitas vezes questionada.

O filme de Phillyda Loyd, invés de retratar Margaret como uma política controversa, tenta mostrá-la como uma verdadeira heroína do país, acabando por idealizar sua protagonista ( e o uso de alucinações nesse sentindo se torna ora irritante ora risível). Loyd chega ser ingênua ao retratar o jogo político de troca de lados quase um motivo para  Tratcher enlouquecer. Fico pensando se a diretora pensa que a ex-primeira ministra era uma doida varrida.

Ao investir numa montagem cheia de flash backs e algumas tentativas de elipses cheias de simbologia nas mudanças  na vida de Tratcher ( E Lyod não reconhece suas próprias limitações como diretora a falhar miseravelmente), o longa se torna cansativo e muito mais lento do que realmente é.

E o que é o mais decepcionante no longa talvez seja a atuação de Melry Streep. Não por ser ruim, e sim por ser ótima. Streep faz uma completa imitação dos trejeitos e sotaque de Tratcher e seu olhar de tristeza, loucura e força se mostrar avassalador. Mas de novo, a montagem acaba atrapalhando sua atuação, não dando possibilidade para que a atriz mostre sua emoção em certas cenas.

Na parte técnica, o filme tem outro ponto positivo. Com uma das maquiagens mais perfeitas que já vi, vemos a transformação da poderosa Tratcher numa velha doente e isso combinado com o belíssimo trabalho de Streep é responsáveis pelas poucas, mas boas cenas do longa. A direção de arte e o figurino é também eficiente, nos colocando com realismo em ambientes como o parlamento inglês ou na imitação do vestuário da sua cine biografada.

E isso ressume o que  é A Dama de Ferro, um desperdício. De história, de dinheiro e principalmente, de boa atuação. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Crítica: Os Descendentes ( The Descendants, de Alexander Payne, 2011)

Dirigido por Alexander Payne
 Com: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Nick Krause, Patricia Hastie, Judy Greer, Matthew Lillard, Robert Forster, Rob Huebel, Mary Birdsong, Beau Bridges.
5/5
O cinema de Alexander Payne é pequeno, minimalista e extremamente eficiente. Ao mostrar situações corriqueiras de pessoas normais como a solidão e o alcoolismo do personagem de Paul Giammanti em Sideways – Entre umas e Outras  ou uma simples eleição escolar em Eleição, Payne fala dos sentimentos humanos e das nossas relações com demais. E mais uma vez, com Os Descendentes, Payne comprova esse talento.

Ao retratar o sofrimento de Matt King ( George Clonney) e de sua família ao viver a situação da sua esposa  prestes a morrer depois de um trágico acidente, o diretor e roteirista apresenta a partir da visão de uma espécie de aristocracia havaiana para mostrar como os laços familiares e com a nossa terra são importantes para a nossa vida. No filme, as palavras “família” “filhos” “mãe” e  principalmente “descendentes” são usadas com freqüência. Até mesmo  um personagem que parece ser simplesmente um alívio cômico, se apresenta como questionador do tema do filme.

E  em vários momentos, Payne  usa planos para mostrar as antecedência  dos personagens e a importância dos legado que passa de geração pra geração, o que terá bastante importância para entendemos a decisão final do personagem de George Clonney que apesar de previsível, se mostrar condizente com tudo  mostrado pelo cineasta.

Muitas vezes no filme, talvez nos questionemos de onde vem certas atitudes, decisões dos personagens. Como de procurar o amante da esposa do protagonista, mas será que todas as decisões que tomando são tomadas por decisões racionais ou totalmente emocionais? Será que às vezes não fazemos as coisas simplesmente por fazer?  E estamos certos em julgar as decisões dos personagens  se nem mesmo sabemos o que faríamos se tivéssemos no seu lugar?

George Clonney dá o desempenho da sua vida neste filme, usando seu naturalismo para tornar Matt King um homem existente e não idealizado, Clonney se entrega ao seu papel totalmente como mostra duas cenas: Sua corrida em certo momento no filme para conseguir informações de amigos e a conversa com sua mulher. Momentos que mostram seu personagem como um homem comum (com muito dinheiro, é claro).

O outro destaque do elenco é Shailene Woodley, extremamente bonita e cativante, sua atuação muitas vezes usando de clichês adolescentes para depois nos mostrar uma garota complexa, emocionalmente inteligente e divertida. A cena da piscina talvez seja um dos momentos emocionante de uma atriz jovem  do ano.

Mas Os Descendentes não mostra só o drama, ao também apresentar a nós, uma comédia que apesar de nada original é extremamente irônica com o tema do filme (a família e a terra) e até usar sacadas de equivocadas comédias românticas que se tornam incrivelmente eficientes.  Até mesmo o garoto Sid se torna engraçado no filme apesar de ser clichê ( Mas o seu personagem também funciona para o drama no filme, questionando mais uma vez as idéias de família e terra do personagem de Clonney)

Os Descendentes também é um filme sobre ciclos, e por isso, talvez ele se mostre previsível em alguns momentos, já que tudo é um eterno recomeço, e todo fim é um começo. E talvez, por isso, que o mesmo lençol amarelo usado para cobri um falecido seja usado pela família que tenta recomeçar suas vidas;

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Crítica: Precisamos Conversar Sobre o Kevin ( We Need Talk About Kevin, 2011)

                                

Precisamos Conversar Sobre o Kevin ( We Need Talk About Kevin, de Lynne Ramsay, 2011)

Com: Tilda Swinton, John C. Relly, Erza Miller

CLASSIFICAÇÃO: 1/5 

Eu não tenho problemas com filmes com simbolismos, com uso  de cores ou uso de montagem  e edição confusa.  Mas o que acontece com Precisamos Conversar Sobre o Kevin é que o uso exagerado de todos esses artifícios faz deste não um filme difícil e intrigante e sim, uma bomba colossal.

 Ao pegar um tema extremamente interessante, a forma como uma criação ruim pode criar um verdadeiro monstro, Lynne Ramsay, diretora do longa, parece está obcecada  em fazer planos esquisitos e uso da cor vermelho para mostrar a estranheza e a violência contida na história, e isso daria certo, se Ramsay não tivesse usado estes artifício tão exageradamente, causando invés de um desconforto aos personagens ( o que devia ser seu propósito) e sim um desconforto com o filme em si.

E se em alguns momentos esse desconforto acontece, em outros, Precisamos Conversar Sobre o  Kevin vira uma total comédia involuntária ( como na cena das unhas na prisão), e essa risibilidade  fica  ainda mais presente nas atuações que cada Kevin nos apresenta, chegando ao ápice na caricatura do mal, Erza Miller ( piorando ainda mais quando este come frango de um forma totalmente hilária, invés de apreensiva).

O que incomoda ainda mais no longa, é ver uma atuação tão bem desenvolvida de Tilda Swinton que usa toda sua construção corporal para mostrar desespero e apreensão em relação ao filho ( e chega ser marcante a diferença na interpretação  de Swinton quando esta  tem momentos com a filha e a diferença com Kevin)  ou também em seu olhar de uma nervosa tristeza no depois do acontecimento enquanto vemos o olhar de apreensão de antes.

A diretora até chega a acertar em raros momentos, como destacar  a semelhança entre a mãe e o filho, ou em alguns planos mais criativos como quando mostra o destreza de Kevin no uso de arco e flecha. Mas falha miseravelmente ao ser maniqueísta ao extremo, diferente do longa de Gus Van Sant, Elefante.

Falhando em tentar ousar demais em sua abordagem técnica, Precisamos Conversar Sobre o Kevin se torna apenas um “poderia ter sido”...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Comentando os indicados ao Oscar


Depois de um ano de especulações quais seriam os indicados a premiação mais importante do cinema americano, tudo chega ao fim com a lista de indicados. Esta foi extremamente surpreendente com aparições extremamente não esperadas, algumas bem vindas ou não.

Hugo, de Martin Scorsese,  foi o mais indicado, com 11 indicações, seguido de perto pelo franco favorito da disputa, O Artista, que recebeu 10 indicações.  Essa lista, serviu para mostra como o filme francês está confirmando a sua vitória. Sua maior pedra no sapato, Histórias Cruzadas, foi muito menos celebrado do que esperado, recebendo quatro indicações, as absurdas nomeações de Octavia Spencer a Melhor Atriz Coadjuvante ( em uma atuação extremamente caricaturesca) e Viola Davis, indicada a Melhor Atriz ( Ela é coadjuvante no filme), a única coisa justa parece ser a indicação de Jessica Chastain, divertidíssima no filme.

Outra coisa estranha nas indicações, foi a inclusão de Tão Forte e Tão Perto a Melhor Filme, o que mostra a certeza, que seu diretor, Stephen Daldry, tem pacto com o demônio   os produtores, já que mesmo o filme não sendo aclamado por ninguém, ele entra com apenas duas indicações: Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (Max Von Syndow). Outra surpresas, boas no entanto, foi a indicação do magnífico O Espião Que Sabia Demais em Melhor Roteiro Adaptado, A Separação em Melhor Roteiro Original  e a reconsagração de A Árvore com indicações inesperadas a Melhor Filme e a Melhor Diretor.

Terrível foi ver Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de David Fincher, ser esnobado em Filme e Diretor, apesar da consagração de Mora em Melhor Atriz. Na categoria da última, também foram indicados Melry Streep por A Dama de Ferro ( que se não fosse indicado, o mundo ia acabar), Michele Williams por Sete Dias com Marylin, a já citada Viola Davis por Histórias Cruzadas e a sempre brilhante Glenn Close por se vestir de homem em Albert Nobbs. Em Melhor Ator, tivemos a grata surpresa de ver Gary Oldman indicado pelo seu avassalador e controlado George Smiley por O Espião Que Sabia Demais, George  Clonney por Os Descendentes, Brad Pitt por fazer cara de bolacha retorcida em O Homem Que Mudou o Jogo, o hilário e dramático  Jean Dujardim em O Artista e uma surpresa com Demian Bicher por A Better Life.

Apesar ter muitas outras indicações surpreendentes, termino aqui o meu comentário sobre os indicados ao Oscar 2012, e não percam a briga do século: O prêmio de Melhor Cagada Feminina, disputada por Melissa MCarthy ( indicada injustamente por Missão Madrinha de Casamento)  e Octavia Spencer. Sim, eu estou falando de cagadas reais.

Outros indicados aqui:  http://g1.globo.com/pop-arte/oscar/2012/noticia/2012/01/veja-lista-de-indicados-ao-oscar.html

sábado, 21 de janeiro de 2012

Boteco das Séries: Sherlock


Nada de correria explosiva ou humor exagerado que marca os eficientes mas esquecíveis filmes de Sherlock Holmes de Guy Ritchie. Nada também da Inglaterra antiga da obra original. A missão de Sherlock, série da BBC criada por Mark Gratiss e Stephen Moffat é atualizar os livros de Sir Arthur Conan Doyle para a atual realidade da Londres. E a série é extremamente eficiente nisso.

Com três episódios por temporada ( sendo duas), estes se mostram rápidos, sem muita enrolação, com diálogos concisos e irônicos, além de uma extrema inteligência ao nos fazer identificar ao traumatizado Dr. Watson  em sua busca por entender o amigo, Sherlock Holmes. Outro acerto é colocar Holmes e Watson, além dos outros personagens usando tecnologias atuais que ajudam os casos, o que sempre se mostra importante.

 E se o roteiro já merece elogios, outro ponto positivo é a interatividade da montagem da série, que tenta sempre simplificar o pensamento de Sherlock como no uso de palavras usadas para visualizarmos suas deduções, ou cortes rápidos para mostrar seus pensamentos indo longe. 

Mas o que seria de uma série como essa se não fosse as atuações? E a série acerta totalmente nesse quesito em relação a dupla dinâmica. Bennedict Cumberbatch nos apresentar um Sherlock frio, manipular e brilhante e seus grandes momentos aparecem quando o personagem tem contatos com emoções ( o que se vê muito presente na irretocável segunda temporada). Martin Freeman dá uma mistura de tom dramático e cômico sendo nosso guia ao entrarmos na mente de Holmes. E a química dos dois é estupenda. 

Os outros atores não se destacam com algumas exceções ( o próprio criador Mark Gratiss como Mycroft Holmes, irmão de Sherlock, e a magnífica Laura Pulver como Irene).  Muitos questionam a escolha do ator que faz Moriaty, que é pra mim, extremamente ousada e hilária.

E com tudo isso, encerro essa sugestão, uma das grandes séries que vi esse ano: Sherlock. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MÚSICA DO DIA 02

THE BLACK KEYS - DEAD AND GONE

Muito bem... aqui estou eu pra deixar mais uma música do dia... com atraso devido a imprevistos...(assistir Tintim nos cinemas...), e foi hoje mesmo que ouvi essa música e com bastante empolgação venho compartilha-la com vocês.

Conheci essa banda hoje, depois de ter ido ao shopping com os colegas e ter pegado o album e colocado pra tocar devido a capa que gostei... resultado? Na empolgação de ter gostado bastante das músicas eu comprei o albúm "El Camino"... não tenho muito pra falar do albúm agora, apenas digo que é muito bom... e também não tenho o que dizer da história da banda, afinal conheci hoje... portanto chega de falatório e vamos a música do dia.

Banda: The Black Keys
Música: Dead And Gone




Crítica: As Aventuras de Tintim ( The Adventures of Tintim , de Steven Spielberg)

Dirigido por Steven Spielberg. Com: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig, Nick Frost, Simon Pegg, Toby Jones, Joe Starr, Mackenzie Crook, Cary Elwes.
5/5

Mais um bom filme de Spielberg no mesmo ano, e diferente de Cavalo de Guerra que falhava principalmente em enrolar quem está assistindo com seu desastroso primeiro ato, Tintin vai direto ao ponto, começando sua aventura já nos primeiros minutos em uma eletrizante viagem no melhor da computação gráfica.

Já iniciando com uma animação espetacular na sequencia de créditos (Muito parecido com a de outro ótimo filme de Spielberg, Prenda-me Se For Capaz), o filme roteirizado a seis mãos por Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish já acertar em ser direto na história para contar sua intricada aventura que relembra maravilhosamente os três primeiros Indianas Jones. O roteiro é extremamente eficiente em ser inteligente não necessitando complexidade ou complicação, e nada que confunda que está assistindo. Contando com um humor pastelão que apesar de ser bobo nunca chama o espectador de idiota.

E Spielberg aproveita principalmente o fato da tecnologia que está usando. Com a captura de movimentos ao estilo Avatar, ele se permite a uso de movimentos de câmera mais ousados (Como filmar enquanto carros passam o que seria extremamente difícil se não fosse digital) além de poder abusar de planos longos (certo plano sequencia é memorável e só seria possível com o uso dessa tecnologia). Além disso, a montagem que intercala muitas vezes passado e presente e lugares diferentes é competente a nunca deixar o filme repetitivo em suas inúmeras transições.

A sempre presente trilha de John Williams é contagiante e segue o clima aventureiro e extremamente divertido mesmo que seu ponto alto seja a já citada sequencia de créditos iniciais. Outro detalhe positivo do filme é o maravilhoso recurso da terceira dimensão que cai perfeitamente nesse tipo de filme, em certos momentos, é possível tomar verdadeiros sustos.

As atuações são extremamente competentes e quem se sobressai é o sempre excelente Andy Serkis que dá a Haddock uma grande intensidade além dos momentos de humor deste, que são hilários. Jamie Bell não faz nada demais com seu Tintin já que este é só o básico de uma atuação de herói. Isso mostra o principal problema do filme: Os seus personagens não são bem desenvolvidos.

Mas apesar de seu pequeno problema, o que fica na memória é o visual estonteante e a aventura extremamente divertida de Spielberg e Peter Jackson.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MÚSICA DO DIA (01)


SIGUR RÓS - SVEFN-G-ENGLAR


Sempre achei... "fácil" recomendar filmes, músicas para outras pessoas, mas agora, diante da tela do computador e tendo que recomendar uma música para pessoas que não conheço e sabendo que não vou agradar todo mundo... Fico com medo.

Vou tomar coragem e simplesmente escrever... mas antes, vou contar como conheci a banda e a música que recomendarei para hoje.

Sigur Rós... já ouviu falar!? Provavelmente não... apesar de junto com a cantora Bjork ser uma das bandas islandesas mais conhecidas no mundo. O estilo do Sigur Rós ( Seu nome significa Rosa da Vitória em nosso bom português) é algo completamente alienígena, alguns o classificam como post-rock... mas ainda não existiu uma banda que tocasse como Sigur Rós, e talvez nunca exista.

Sua música é flutuante, espacial, contendo melodias minimalistas que dá gosto de ouvir ( A maioria das melodias compostas pelo Jónsi que toca sua guitarra com um arco de Cello banhado em efeito Reverb).

Seu primeiro albúm, "Von" foi lançado em 1997, porém não obteve conhecimento do público, apesar de a crítica (islandesa) elogiar o albúm. O conhecimento da crítica internacional e do público veio com o albúm seguinte, "Agaetis Byrjun" que significa "Um Bom Começo", tendo críticos que até mesmo afirmaram que era um dos melhores albúns já feitos na história da música.

História da banda a parte, apenas fui conhece-la no começo de 2012, apesar de já ter lido boas críticas do seu album "Agaetis Byrjun" e de ter visto alguns de seus vídeoclipes a alguns anos atrás... na época me pareceu apenas fora do comum, e o som não me interessou tanto... isso até ouvir a música "Svefn -G- Englar", música de abertura de seu aclamado albúm. Quando ouvi aquela música ambient e rica em texturas fiquei extasiado, "Como pode existir uma música dessas!?" me perguntei, como resposta, apenas ouvi o albúm Agaetis Byrjun inteiro, que hoje está na minha coleção.

Como recomendação... deixo aqui a música "Svefn-G-Englar", sabendo que nem todo mundo vai gostar já que é uma música que não agrada a todos os tipos de ouvidos ( Eu mesmo tendo desprezado a banda algum tempo atrás ), mas com a esperança, de que boa parte de vocês goste e procure saber mais da banda.

Banda: Sigur Rós
Música: Sven-G-Englar






                                         

Cena do Dia: A dança de Pulp Fiction



Muitas cenas dos filmes de Quentin Tarantino ( Pulp Fiction, Kill Bill, Bastardos Inglórios) já nascem antológicas.  Acima  temos uma dessas históricas cenas do diretor norte-americano com dois dos grandes atores que trabalharam com Tarantino: Uma Thurman e John Travolta.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Crítica: O Espião Que Sabia Demais ( Tinker Tailor Soldier Spy, de Tomas Alfredson)

 O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS ( Tinker Tailor Soldier Spy) 5/5
Dirigido por Tomas Alfredson.
Elenco:  Gary Oldman, John Hurt, Colin Firth, Toby Jones, Mark Strong, David Dencik, Ciarán Hinds, Benedict Cumberbatch, Stephen Graham, Tom Hardy, Simon McBurney, Stuart Graham, Kathy Burke, Svetlana Khodchenkova.

CINCO ESTRELAS EM CINCO 

A guerra fria foi talvez, o período de maior paranóia da história da humanidade. Uma guerra global nuclear era uma realidade extremamente próxima.  E não há forma melhor de retratar o clima de desconfiança daquele momento do que mostrar a vida dos espiões durante o período.  O que Tomas Alfredson  ( do belíssimo Deixa Ela Entrar)  faz com classe no magnífico O Espião Que Sabia Demais .

Adaptando o livro de John Le Carré (que não li, mas pretendo), um dos mais conhecidos autores do gênero, a trama mostra George Smiley (Gary Oldman) investigando um provável agente duplo no topo da Inteligência Britânica após ser demitido quando uma operação em Budapeste tem um resultado desastroso.

Com um roteiro complexo que provavelmente afastará o público menos exigente, Alfredson aposta em uma montagem composta por flashbacks montando um verdadeiro quebra-cabeça, nos colocando na mesma posição dos espiões, no meio da paranóia, o que aumenta nossa identificação com essas personagens extremamente frias. Além de mostrar a burocracia desse trabalho.

Mas apesar da busca pelo agente duplo ser extremamente tensa e bem construída (por mais complexo que o filme seja, está tudo ali, é só prestar atenção), o que realmente importa no filme, é o desenvolvimento desses personagens... Em meio à paranóia, numa teia de aranha de relações políticas e julgamentos morais (Extremamente interessantes são os momentos onde os personagens questionam os lados da Guerra Fria)

No meio dessa narrativa complexa e não linear o que mais se destaca é o elenco.  Como nomes notáveis do cinema britânico: John Hurt em uma ponta deliciosa, Toby Jones surpreendente, Mark Strong emocionante, sua última cena é belíssima.  Tom Hardy se destaca por um esforço interessante para desenvolver ao máximo sua personagem ( o momento em que ele espiona o prédio a frente do seu, é especial  nesse sentido). Além de Bennedict Cumberbatch, da série Sherlock, quebrando com vários clichês dos filmes de espiões com uma atuação especialmente tensa.  Colin Firth, vencedor do Oscar por O Discurso do Rei, tem um momento arrebatador no último ato.

Mas quem se sai melhor é Gary Oldman. Diferente do tradicional, nós temos aqui uma atuação extremamente minimalista, contida que mostra tudo e nada sobre esse personagem magnífico, que de sorridente não tem nada. Em particular numa cena onde sua personagem olha para câmera, Oldman tem o momento de maior emotividade de George Smiley no filme.

Uma fotografia memorável, todo plano do filme nasce antológico. Alfredson filma de janelas, carros, escondido, espiando, assim como suas personagens que espiam. A trilha sonora de Alberto Iglesias dá um charme e melancolia ao filme (como na cena que Control e Smiley são demitidos e saem do prédio da Inteligência Britânica)

Um filme de espião como tem de ser. Nada de aventuras mirabolantes e sim uma loucura paranóica extremamente bem filmada.

Bem Vindo


Dá boas vindas é algo extremamente chato e que sempre mostra um teor altamente manipulativo numa relação. Então, vou tentar ser direto em relação a isso aqui: Somos um blog sobre cinema, música e literatura, não profissional. Pessoas que querem simplesmente falar sobre isso e esperamos ser ouvidas.

Então, sendo manipulativo ou não, boas vindas do blog para você, nosso leitor.