quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres ( The Girl With The Dragon Tatoo)

Dirigido por David Fincher. 
Com: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Steven Berkoff, Robin Wright, Joely Richardson, Geraldine James, Goran Visnjic, Donald Sumpter, Yorick van Wageningen.
COTAÇÃO 5/5

David Fincher é um diretor especializado em atmosferas opressoras. Seja na cidade caótica de Se7en – Os Sete Pecados Capitais; a gradativa destruição da vida pelo consumismo em Clube da Luta; a obsessão pela verdade em Zodíaco; a tensão em Quarto do Pânico e por fim a estratificação social criada pela internet em A Rede Social. E de novo, trazendo uma atmosfera sombria que junta à declinação moral de Se7en com a obsessão de Zodíaco, Fincher faz mais uma vez um incrível filme com Millennium- Os Homens Que Não Amavam as Mulheres.

Ao contar a história de um jornalista e uma hacker que veem suas vidas convergirem a partir da investigação de um assassino de mulheres, Fincher tem numa oportunidade perfeita a usar elementos que adora (ou pelo menos, penso eu assim): Violência, falta de sociabilidade, declínio moral, obsessão e misoginia. E apesar da história não ser tão interessante assim (chegando a alguns momentos a ficar previsível), o estilo do cineasta casa-se perfeitamente com o que é contado. Em certa cena onde um personagem é praticamente torturado, lembrei vagamente dos assassinatos de Se7en.

Fincher utiliza uma fotografia extremamente sombria e cheia de requinte (veja como Estocolmo é ao mesmo tempo elegante e opressora ou a ilha da família Vanger carrega um ar de mistério mesmo sendo extremamente bela) e de uma montagem rápida (O intercalar entre as investigações de Lisbeth e de Mikail é maravilhoso assim como o uso de flashbacks) dá ao longa um ritmo ágil e mesmo com toda sua violência gráfica, este é um filme belo de se ver.

Mas o que realmente importa aqui são as personalidades (e assim as atuações) dos personagens. Mikail é interpretado por Daniel 007 Craig como um homem bom, mas mesmo assim com uma absoluta devoção a descobrir a verdade (e a entrada dele na investigação se torna coerente exatamente por isso). Christopher Plummer concede a seu personagem um tom irônico e carismático, mas mesmo assim não deixa de ser tão misterioso como o resto da sua família.  Stellan Skargard transforma um personagem que poderia cair no clichê completo algo bem mais interessante que o esperado.

Mas o destaque total do filme é para Rooney Mara. Interpretando a hacker antissocial com extrema competência. Sua Lisbeth é de dá pena, mas ao mesmo tempo nos dá medo (e sua relação com um personagem nos mostrará isso já nos primeiros 50 minutos) e sua antissociabilidade é convincente já que temos certa aversão por ela e suas característica (e Fincher acerta em nosso fascínio por ela crescer em direta proporção ao fascínio de Mikail por ela também crescer). E chega a ser paradoxal como mesmo com seu desprezo para com as relações sociais comuns, ela tenha um claro desejo por essas. E Rooney Mara entrega isso com uma força no olhar inesquecível (prestem atenção na sua expressão na cena final!).

Já começando o filme com uma abertura extremamente eficiente (e que já nos mostra um pouco do psicológico de Lisbeth)e o terminando de forma extremamente melancólica, Fincher conta com a trilha sonora de Trenz Rennor e o Atticus Ross que dão ao filme um tom de tensão presente em todo momento, algo bastante parecido com o trabalho destes em A Rede Social, também de Fincher.

Um filme extremamente interessante que mostra mais uma vez o talento de um dos diretores mais perfeccionistas da atualidade. Além de nos revelar uma das melhores atrizes dos últimos 10 anos: Rooney Mara. 

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