sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret ( Hugo, 2011)

Dirigido por Martin Scorsese. Com: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Ray Winstone, Emily Mortimer, Helen McCrory, Michael Stuhlbarg, Frances de la Tour, Richard Griffiths, Jude Law, Christopher Lee
COTAÇÃO: 5/5

Qual é a utilidade do cinema no mundo?  Talvez essa seja a pergunta que fique depois de assisti A Invenção de Hugo Cabret, do lendário diretor americano Martin Scorsese. Disfarçando sua bela homenagem ao cinema como um filme infantil, Scorsese nos dá um filme doce, sensível sobre os primórdios do cinema, a paixão do diretor. E admito, foi difícil segurar as lágrimas nos minutos finais da projeção.

Contando a história de Hugo (Asa Butterfield), um órfão que mora na Grand Station de Paris que ao perder seu pai em um incêndio, fica obcecado em consertar um robô deixado por esse, o que faz sua vida entrar em colisão com o misterioso dono de uma loja de brinquedos, de nome George (Bem Kingsley).

Se o primeiro ato e parte do segundo são dedicados ao desenvolvimento de Hugo e da criação da amizade com Isabelle (Chloe Moretz, chegando a um grau de fofura inimaginável), e essa parte soa mais como um bom filme infantil com cena engraçadas e outras um pouco mais emocionais (a tentativa de flerte do inspetor para coma florista é uma prova disso), o filme chega a um momento que muda completamente.

Quando Scorsese começa a fazer ligações entre a história de Hugo e a história de George, o longa cresce em drama. A descoberta da identidade de George serve como ponto de virada, e o filme deixa de ser simplesmente um filme infantil com direção excepcional e se tornar uma bela homenagem ao cinema: De leitura de livros sobre o primórdios do cinema até uma exibição caseira de Viagem para Lua.

Se O Artista é uma linda homenagem aos artistas que fazem o cinema, Hugo é um filme sobre o cinema em si, sobre este ser uma máquina de sonhos, de mágica, uma ilusão para deleite dos olhos, uma bela observação de uma realidade distorcida pela fantasia (e as pequenas histórias paralelas acontecem para isso) e, além disso, Hugo mostra outra mensagem como a importância de restauração de filmes antigos e até reflexões profundas como a utilidade que nós todos temos no mundo (que Scorsese inclusive apresenta como uma máquina assim como cinema).

E é extremamente interessante, em um filme que fala de um cinema antigo, termos o uso de uma técnica como o 3d,  que nos coloca no meio dessa fantasia. Scorsese com um trabalho de profundidade de campo sem igual, faz talvez o 3d mais inteligente da história, que nos  coloca no meio da história de Hugo de forma até corporal.  O trabalho de fotografia de Richard Richardson é maravilhoso em representar uma Paris mágica (Tudo bem, não é tão difícil). A montagem magnífica de Thelma Schonnmaker dá um ritmo bom para o filme sem nunca soar chato ou alucinante e, além disso, o uso de filmes antigos é certas cenas é um deleite para cinéfilos.

O elenco está em alto nível. Asa Butterfield é surpreendentemente é eficiente em mostrar as emoções conturbadas de sua personagem, sendo um perfeito herói de filme infantil. Chloe Moretz em um overacting delicioso dá a sua Isabelle uma doçura inimaginável. Ben Kingsley faz o personagem mais complexo da narrativa passar entre emoção extremamente melancólica no presente e uma energia contagiante em seu feliz passado.  Sacha Baron Cohen faz seu tipo de sempre mais com uma gota de emoção a mais ao tentar se aproximar da florista ou em relação a seu trauma de guerra.

Contando ainda com uma direção de arte extremamente criativa e colorida de Dante Ferreti que assim como tudo no filme, tentar representar a fantasia na realidade. Além disso, Howard Shore faz um trabalho notável em uma trilha sonora que intercala entre um tom de brincadeira contagiante e também a uma tristeza, algo que está em praticamente em todas as personagens do filme.

Hugo é um filme que reflete sobre o cinema, seu papel na formação da cultura e principalmente sue papel na formação de nossos sonhos, porque como diz certo personagem em um dos melhores momentos: “São aqui que seus sonhos são feitos”. Obrigado, Scorsese, por fazer um filme que qualquer cinéfilo sonha.

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