sábado, 18 de fevereiro de 2012

J. Edgar ( J.Edgar, 2011)

Dirigido por Clint Eastwood. Com: Leonardo DiCaprio, Armie Hammer, Naomi Watts, Judi Dench, Geoff Pierson, Jessica Hecht, Jeffrey Donovan, Dermot Mulroney, Josh Lucas, Lea Thompson, Kyle Eastwood, Christopher Shyer.
COTAÇÃO: 4/5

J. Edgar é um filme com um conteúdo corajoso. Diferente de seu último filme, Além da Vida, Clint Eastwood aborda o seu tema com coragem. Ao retratar uma das figuras mais importantes da história norte-americana, o veterano cineasta faz um filme um tanto conservador na sua proposta, mas surpreendente ousado em conteúdo, diferente do recente e tenebroso A Dama de Ferro.

No filme, ouvimos a história de J. Edgar Hoover, diretor do FBI que mudou a forma de investigação, usando intensamente pela primeira vez da ciência criminal, além de ter concedido um grande poder nas mãos da polícia federal dos EUA.  Além de ter conseguido muito poder político no cenário americano usando de meios questionáveis.

Mas o filme de Eastwood não foca no lado político de Hoover, apesar desse ter bastante espaço no longa. Diferente do esperado para seu conservador diretor, o belo roteiro de Dustin Lance Black foca nas relações de Edgar com as pessoas mais próximas deste: Sua mãe, vivida com a habitual competência de Judy Dench, sua secretária, com a bela e convincente Naomi Watts e principalmente com seu “número 2”, o agente Tolson (interpretado maravilhosamente por Armie Harmmer, que era os gêmeos de A Rede Social).

Usando (infelizmente) de vários clichês de cinebiografias (narração em off e intercalar de cenas do presente com do passado por exemplo), esse filme se destacar ( principalmente na  carreira conservadora de Eastwood) por retratar seu protagonista tão abertamente, principalmente  a questão da sua orientação sexual ( e Judi Dench se mostra impecável a mostrar a preocupação da mãe em relação a esse assunto, em tempos como aqueles). Nesse quesito, duas cenas se destacam: A do beijo (uma das cenas mais bem atuadas, filmadas e escritas do ano) e a do vestido, onde DiCaprio tem seu melhor momento.

E chegando a ele, uma cinebiografia de um homem tão polêmico não poderia ter um ator qualquer. Leonardo DiCaprio, um dos melhores da atual geração. Sua atuação é baseada em uma mistura de emoção e razão tão densa (preste atenção no primeiro encontro entre este e Tolson) além de uma mistura de autocrítica com uma confiança inabalável (prova disso é a cena do tribunal). Pena que sua atuação (e assim com os outros) é prejudicada pela péssima maquiagem do longa.

Um trabalho exagerado, extremamente artificial que destoa completamente o filme na sua parte presente. Acabando completamente, por exemplo, com o trabalho de Harmmer no presente e transformando DiCaprio em uma cópia do Philip Seymour Hoffman . Além disso, certos planos, que mostram cidades durante passagens presidenciais ou incêndios são pavorosos.

O que contrapões com outros aspectos técnicos do filme: A bela direção de arte que traz um realismo impecável para as passagens de tempo ocorridas, a montagem tanto quanto a edição que dão um ritmo impecável ao filme.  E a bela trilha sonora que faz bem em nunca tentar ser melodramática, sem deixar de ter um tom melancólico.

O saldo no final é positivo. Poderia ser extremamente melhor, poderia. Mas poderia ser pior também.

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