terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Crítica: O Espião Que Sabia Demais ( Tinker Tailor Soldier Spy, de Tomas Alfredson)

 O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS ( Tinker Tailor Soldier Spy) 5/5
Dirigido por Tomas Alfredson.
Elenco:  Gary Oldman, John Hurt, Colin Firth, Toby Jones, Mark Strong, David Dencik, Ciarán Hinds, Benedict Cumberbatch, Stephen Graham, Tom Hardy, Simon McBurney, Stuart Graham, Kathy Burke, Svetlana Khodchenkova.

CINCO ESTRELAS EM CINCO 

A guerra fria foi talvez, o período de maior paranóia da história da humanidade. Uma guerra global nuclear era uma realidade extremamente próxima.  E não há forma melhor de retratar o clima de desconfiança daquele momento do que mostrar a vida dos espiões durante o período.  O que Tomas Alfredson  ( do belíssimo Deixa Ela Entrar)  faz com classe no magnífico O Espião Que Sabia Demais .

Adaptando o livro de John Le Carré (que não li, mas pretendo), um dos mais conhecidos autores do gênero, a trama mostra George Smiley (Gary Oldman) investigando um provável agente duplo no topo da Inteligência Britânica após ser demitido quando uma operação em Budapeste tem um resultado desastroso.

Com um roteiro complexo que provavelmente afastará o público menos exigente, Alfredson aposta em uma montagem composta por flashbacks montando um verdadeiro quebra-cabeça, nos colocando na mesma posição dos espiões, no meio da paranóia, o que aumenta nossa identificação com essas personagens extremamente frias. Além de mostrar a burocracia desse trabalho.

Mas apesar da busca pelo agente duplo ser extremamente tensa e bem construída (por mais complexo que o filme seja, está tudo ali, é só prestar atenção), o que realmente importa no filme, é o desenvolvimento desses personagens... Em meio à paranóia, numa teia de aranha de relações políticas e julgamentos morais (Extremamente interessantes são os momentos onde os personagens questionam os lados da Guerra Fria)

No meio dessa narrativa complexa e não linear o que mais se destaca é o elenco.  Como nomes notáveis do cinema britânico: John Hurt em uma ponta deliciosa, Toby Jones surpreendente, Mark Strong emocionante, sua última cena é belíssima.  Tom Hardy se destaca por um esforço interessante para desenvolver ao máximo sua personagem ( o momento em que ele espiona o prédio a frente do seu, é especial  nesse sentido). Além de Bennedict Cumberbatch, da série Sherlock, quebrando com vários clichês dos filmes de espiões com uma atuação especialmente tensa.  Colin Firth, vencedor do Oscar por O Discurso do Rei, tem um momento arrebatador no último ato.

Mas quem se sai melhor é Gary Oldman. Diferente do tradicional, nós temos aqui uma atuação extremamente minimalista, contida que mostra tudo e nada sobre esse personagem magnífico, que de sorridente não tem nada. Em particular numa cena onde sua personagem olha para câmera, Oldman tem o momento de maior emotividade de George Smiley no filme.

Uma fotografia memorável, todo plano do filme nasce antológico. Alfredson filma de janelas, carros, escondido, espiando, assim como suas personagens que espiam. A trilha sonora de Alberto Iglesias dá um charme e melancolia ao filme (como na cena que Control e Smiley são demitidos e saem do prédio da Inteligência Britânica)

Um filme de espião como tem de ser. Nada de aventuras mirabolantes e sim uma loucura paranóica extremamente bem filmada.

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